GIDE, Andre. Os Moedeiros falsos. 1925.
O primeiro livro que li do Andre Gide, Os subterrâneos do
Vaticano, não me causou impressão particular, tanto que lembro pouco dele. Os
moedeiros falsos é algo mais interessante.
O centro moral da obra se encontra no personagem Edouard,
que se relaciona de alguma forma com os vários personagens do livro e sua
sub-tramas; em posição a ele temos o Conde de Passavant, figura do
aristocrata corrupto e falso, tanto em suas relações quanto em sua arte.
Pode-se dizer que esse é um livro sobre moralidade, e como a imoralidade,
sub-repticiamente, pode-se apoderar das pessoas, presas de suas fraquezas e
susceptibilidades; aqui se tem a idéia de que, como uma forma de se erguer na
sociedade, se sucumbe a falsidade das relações sociais e se deixa de lado a
liberdade individual de cada pessoa. Esse desejo também está ligado a idéia de
isolamento e essa fraqueza é condicionada pelo sentimento de solidão e de, de alguma
forma, integrar-se à sociedade.
O tema da liberdade individual também é abordado,
e como se entregar a ela, como propõe Passavant e seus asseclas, no fundo é uma
forma de submissão a uma autoridade e um conjunto de regras tão falso quanto o
de um pastor preso à repressão de suas idéias religiosas, com suas consequências
negativas. A solução aqui é pensar por si mesmo e escolher o caminho a se
tomar, e não seguir um dogma pré-determinado. Há vários personagens e idéias no livro, entre elas a que há uma certa
inveja e desejo do ser corrupto quando este é confrontado com a virtude. Outra são casais separados por um doloroso muro
de incomunicabilidade, que corroem suas vidas.
O título do livro se refere à novela que Edouard, a figura
central do livro, está escrevendo, e a uma das subtramas do livro, que envolve um grupo de estudantes e as moedas falsas do título; mas também se relaciona a falsidade das
relações sociais à que aludi acima. Em um certo momento Edouard se refere que, seria interessante que em vez do livro, se publique um livro com o processo de construção desse, e "Os Moedeiros Falsos" pode ser lido dessa forma, como o processo de construção da obra de Edouard.
Outra coisa a ser notada é que nas entrelinhas há todo o tipo de afeto homoerótico e sexo gay acontecendo.
Outra coisa a ser notada é que nas entrelinhas há todo o tipo de afeto homoerótico e sexo gay acontecendo.
André Gide (1869-1951)
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